SEMANA DOS SEMINÁRIOS 2006
-Documentos-

Nesta página, apresentamos alguns artigos que foram elaborados por seminaristas, para os meios de Comunicação Social escrita, no decorrer da Semana dos Seminários.

O Seminario, escola de vida

O seminário ensina-nos a ver a vida com outros olhos, a valorizarmos o que á partida nos parece desnecessário e inútil, mas é o que nos faz viver em plenitude.Somos rapazes de origem açoriana. Apesar das diversas diferenças, conseguimos formar uma comunidade. (...) Desde o primeiro dia que entramos, não sabemos exactamente qual será a nossa última decisão, embora tenhamos como ideal ser sacerdotes. No entanto, com o amadurecimento e o discernimento vamos descobrindo realidades novas sobre nós mesmos e, principalmente sobre Deus. Com a  ajuda dos formadores, tentamos clarificar  a nossa resposta à vocação do amor, à qual cada um sente necessidade e tem uma forma única  e própria de manifestá-la. O seminário desperta-nos para a vida, para a vontade de viver, porque o autêntico professor é o mestre da Vida - Jesus Cristo. Por isso, temo-Lo como o centro da nossa existência. (...) Diz-nos Fernando Savater (professor de filosofia) que, no momento da acção particular aqui e agora é quem actua que tem que decidir o mais oportuno em cada ocasião concreta, pois bem, com esta afirmação podemos concluir que sou eu a decidir a escolha. Portanto, todos aqueles que se sentem interpelados pelo amor de Jesus Cristo, é responsável por abrir o seu coração a Deus. Está nas vossas mãos, sois livres!(...) Pedimos que orem por nós, para que possamos compreender a vontade de Deus, pô-la em prática e saborear, desde já, as sua riquezas.

Francisco Rodrigues, Seminarista proveniente da Ilha do Faial

As palavras traduzem o teu coração

 

As vezes encontramos palavras que indicam a nossa razão de sentir e acreditamos facilmente nessas palavras sentimentos. As palavras sentimentos são aquelas em que pomos todos os nossos sentimentos, como por exemplo a palavra Amor. Todos acreditamos no amor porque é uma palavra que nos faz vibrar por dentro e isto consegue-se ver num simples olhar. As palavras só tem sentimento porque pomos nelas a nossa experiência de vida, são elas que traduzem as nossas decisões. A palavra caminhar é outra das palavras sentimentos, ela indica uma orientação própria e objectiva, existem sempre formas nas quais podemos abrir a nossa existência aquelas pessoas que nos são mais próximas. O mais importante das palavras é os relatos que elas nos dão, por exemplo a palavra seguir leva-nos a um determinado rumo seja ele qual for, por palavras podemos chegar a alguém superior a nós e por frases podemos conhecer o caminho para lá chegar. As nossas motivações que nós pomos nas palavras enchem sempre os outros de sabedoria, porque tomam conhecimento das nossas experiências, é no viver que comunicamos e é no sentir de cada dia que vamos tomando parte no caminhar de cada passoa.  As pessoas encontram o seu caminho apartir do caminhar dos outros, por isso é importante ouvir quem nos quer vir comunicar a sua palavra. É importante seguir cada passo e cada chamamento que vem do coração, porque só ele nos indica o caminho de felicidade que devemos seguir.

A palavra procura traz-nos o sentimento de algo que, algumas vezes não encontramos neste mundo, é neste sentido que todos nós seminaristas vimos para o Seminário, procurar uma felicidade que nos enche-se por dentro e que se faz plena no serviço caritativo aos irmãos. A semana dos seminários é para todos os que buscam algo que faça das suas vidas um rio de felicidade. A felicidade não se procura com a razão, procura-se com o coração, mas por vezes temos a tentação de procurar um rumo de acordo com a nossa razão, e quando isto acontece, caímos nas incertezas. O que é certo ou errado para a nossa vida só o tempo nos pode ajudar a discernir, porque ele amadurece tanto o coração como a razão. A palavra Seminário dá-nos a certeza de que existe um lugar onde jovens como tantos outros, procuram compreender o chamamento de Deus, e amadurecem esta ideia de servi-Lo nos outros. É um lugar onde , nos espaços de reflexão e meditação, de estudo e de trabalho, procuramos o sentido do nosso caminhar, o sentido onde podemos encontrar uma forma de aprender a sermos felizes com os que nos rodeiam.

Sérgio Cunha, Seminarista proveniente da Ilha de Stª Maria

 

Falar do Seminario é falar de uma casa...de uma escola...

Esta semana, no meio de todas as notícias e acontecimentos do mundo, vive-se também um momento: a semana dos Seminários. Uma semana dedicada a dar a conhecer aquilo que este espaço é, propõe, aquilo ao qual se dedica e também um tempo em que a Igreja pede, de uma forma especial, a oração por todos aqueles que decidem seguir o caminho do sacerdócio e por todos aqueles jovens que se interrogam e que vão colocando diante de si próprios a hipótese de seguir, desta forma mais radical, o caminho de Deus.

Falar do seminário é falar de uma casa, uma escola, um caminho de vida. É falar de um espaço onde cada um dos jovens que o frequentam buscam, tentam e aprendem a construir a sua felicidade tendo como rumo e meta Jesus Cristo.

Pode-se dizer que o Seminário é um lugar de discernimento. Tudo parte por iniciativa divina, uma chamada que é feita ao coração do homem e que exige carinhosamente uma resposta. Esta é discernida e renovada neste lugar através das vivências, partilhas, esforços e dedicação que requer. Quem não busca não encontra, quem não conhece não pode amar e o Seminário através das suas vertentes interpessoais, académicas, pastorais e espirituais ajuda a procurar, a conhecer e a reconhecer, todos e em cada um dos dias, o caminho e a proposta que Deus faz de sermos seus seguidores.  O Seminário presta-se e tem a sua razão de ser para a formação de padres, de pastores que sejam os animadores e condutores das comunidades, reunidas pelo evangelho, e formadas por aquelas pessoas que partilham e vivem a fé na mensagem de Jesus Cristo, que integram a Igreja através do Sacramento do Baptismo e que se reúnem a volta da mesa da Eucaristia para celebrarem a presença do mesmo Jesus Cristo vivo e Ressuscitado.

A vida no Seminário é composta por quatro dimensões: a dimensão humana, formação pessoal, atitudes e valores de vida. A dimensão intelectual, as aulas onde principalmente através da Filosofia e da Teologia se vai mergulhando aos poucos no Mistério de Deus. A dimensão pastoral, isto é, o trabalho nas paróquias com os diversos movimentos, desde a catequese, passando pelos trabalhos com jovens e idosos. A dimensão espiritual que ajuda, através da celebração da Eucaristia, das reuniões com o Director Espiritual, a que se faça luz no caminho que escolhemos.       

Toda a vida do Seminário organiza-se para que quem um dia escolheu aqui entrar se sinta acolhido em casa, sinta que percorre um caminho que conduz a uma meta maior e sinta que, apesar de sermos homens com as nossas limitações, temos a capacidade de mais tarde levar a Boa Nova da libertação e do Amor aqueles que a desejam e precisam ouvir.

 O Seminário acolhe jovens iguais a tantos outros mas com um projecto de vida diferente: serem no mundo anunciadores de Jesus e suas testemunhas para conduzirem, animados pela Graça de Deus, a humanidade até Ele. 

Marcos Miranda,Seminarista proveniente da Ilha Terceira      
     A propósito de uma Vocação...

Sinto que fui escolhido, para fazer um caminho diferente. Foi uma opção de vida. Todos nós jovens, somos chamados todos os dias a muitas coisas. Umas vezes ouvimos, outras deixamos passar. Não sou diferente dos outros jovens e acabo por mostrar que não sou um anjinho descido do céu. Estou convencido de que não são as nossas qualidades que nos definem, mas as escolhas que fazemos. Há caminhos que se fazem na vida e eu escolhi este.

Sinto dentro de mim, a felicidade de uma escolha que de facto não foi muito fácil. Não consegui tomar uma decisão rápida e eficaz, precisava de ter certezas para não dar passos no escuro. De facto não tinha confiança Naquele que me chamava e que me estendia a mão para O seguir. Só depois de tomar uma decisão e procurar responder a muitas questões que despontavam, descobri que não caminhava sozinho. O meu amigo Jesus sempre me acompanhou, quer nos momentos de certeza, quer naqueles momentos de dúvida e confusão.

Tive de dar um passo em frente e o inevitável aconteceu. Acabei por entrar no Seminário de Angra. Ainda consigo sentir dentro de mim tudo o que aconteceu naquela quarta-feira, quinze de Setembro de 2004. Uma mistura de sentimentos que não dá para explicar.

Mas o facto de ser filho único, veio agravar mais a situação. É como se trouxesse dentro de mim a responsabilidade de perpetuar a descendência familiar, casando e dando aos meus pais os netos que tanto desejam.

Depois de entrar no Seminário, pude perceber que ninguém nos aprisiona, nem nos fecha numa cela dia e noite a pão e água. Pelo contrário, acabei por destruir todos os estereótipos criados por mim em relação ao Seminário. É sobretudo um tempo de amadurecimento e de discernimento vocacional.

Cheguei muitas vezes a colocar a questão: se soubesse o que sei hoje, teria sido tudo muito diferente. Mas acabo sempre por chegar à conclusão de que o meu caminho tem de ser assim.

Tudo nasceu na infância. E como qualquer criança, também gostava de brincar ao “faz de conta”. Então gostava de fazer de conta que era o senhor padre que fazia os casamentos e andava pelos corredores da escola organizando procissões e arraiais. E naturalmente quando me perguntavam o que eu queria ser quando fosse grande, a resposta era imediata(...).

(...) Só depois de entrar no Seminário é que percebi que o Senhor usa-se de meios humanos, para nos chamar a uma missão.

Todos os dias e todas as horas são momentos para se tomar decisões e para aprofundar a vocação, à qual fui chamado. Há dias em que são mais as certezas do que as dúvidas e outros em que as incertezas teimam em ficar. Mas isto faz parte de uma caminhada que se constrói a cada segundo.

Sou um jovem que procura a felicidade que há dentro de si, para poder partilhá-la com os outros irmãos.

Basta confiar nas palavras de Jesus: ”a quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá.” Lc.12

Bruno Rodrigues, Seminarista proveniente do Faial

"Procura lendo...encontra mediatndo" (S.Gregório Nazianzeno)